sexta-feira, 1 de junho de 2018

O politiqueiro

Seu Verbalino desde cedo
Com política resolveu mexer
Seguindo os caminhos do pai
Da política decidiu viver

Foi estudar na capital
Sobre leis muito se inteirou
Mas voltando pra sua cidade
Em politicagem se formou

Nessa escola foi aluno aplicado
Seu primeiro cargo foi vereador
Com um discurso fino e aprumado
Convencia fácil o eleitor

Mas sua honestidade
Só ficava na teoria
Pois nos negócios da cidade
Só se via pioria

A exemplo de seu pai
Seu Verbalino fez carreira
Foi vereador, prefeito e deputado
E Senador é sua atual cadeira
Ficou conhecido por todo lado
Por sua tamanha roubalheira

Toda prática ruim ele fazia
Comprava voto e verba desviava
Empregava parentes a revelia
O povo carente sempre enganava
Prometia tudo e não cumpria

Seu Verbalino perseguia
O cidadão que nele não votava
Depois da eleição demitia
E no lugar outro colocava

Seu Verbalino não tinha consciência
Do prejuízo que ao povo trazia
Pois quando roubava levava à falência
Os serviços que população carecia

Tirava do povo a dignidade
A saúde, a educação e a moradia
Com arrogância e sem humildade
Fez politicagem até seu último dia

Mas um dia seu Verbalino adoeceu
E as pressas ao hospital correu
Chegando lá em coma permaneceu
E um sono profundo lhe acometeu

E num sonho seu Verbalino
Se viu um pobre trabalhador
Só ganhava um salário mínimo
Vivia labutando de pintor

Um dia precisou ir ao médico
Cinco filas ele pegou
E só um mês mais tarde
A consulta ele marcou

Viu a luta que era o SUS
E toda a peleja do cidadão
Que todo dia pede a Jesus
Muita saúde e proteção
Fazendo promessa e levando cruz
Pra não morrer por omissão

Sonhando, ainda viu o seu filho
Ir à escola sem nenhum tostão
Confiando na merenda
Que no colégio sempre dão
Mas nesse dia não teve
Nem um pedaço de pão

Nesse sonho ele morava
Na periferia da cidade
Ali na terra se pisava
Pois não havia pavimento
Esgoto e nem calçada
Só barro, poeira e esquecimento

Pois cimento pra politiqueiro
Não serve pra fazer calçamento
Mas vira grana é ligeiro
Pra comprar apartamento
E o povo continua no lameiro
Na rua do esquecimento

Depois deste sonho real
Verbalino acordou do coma
E na cama do hospital
Começou a sentir o sintoma
De uma crise existencial

Sentiu na pele o sofrimento
Do povo que o elegeu
Sentiu profundo arrependimento
Dos malfeitos que cometeu

Seu Verbalino se recuperou
E quis ter honestidade
Por um tempo até tentou
Fazer política de verdade
Mas do sonho ele esqueceu
E voltou pra politicagem

O final dessa história
Não tem como ser feliz
Tendo a politicagem como escória 
Da política deste país

Desses homens de coração duro
Nem Deus, sonho ou doença
São capazes de amolecer
Essa pedra que os sustenta

Queria muito que no final
A história fosse diferente
Que pagassem pelo mal
Que fizeram a toda gente

Mas a história sempre é igual
Politiqueiro sempre é inocente
E o povo por sinal
A votar nunca aprende
Elege sempre o marginal
Que o engana facilmente

Não adianta nem campanha
Para conscientizar o eleitor
Porque nessa pobreza tamanha
Voto vira objeto de valor

E o eleitor o vende barato
na medida da sua pobreza
Que para muitos não é nada
Mas que para ele é riqueza

E assim, os Verbalinos do Brasil 
Continuam a praticar 
A política desonesta
E teimam em maltratar
A pobre da ética
Não param de roubar
E o que nos resta
É apenas lamentar.

Giano Guimarães
(Poema "O Politiqueiro",do livro Politiquices)

Ridículo mundo

Ridículo
Mundo
Abismo
Profundo
Que gera
Fome
Neste vil
Cenário
Imundo
Tanta comida
No celeiro
Mas no mundo
Inteiro
Há fome
Enquanto isso
Uma parte
Consome
A outra parte
Não come
Apenas some
A riqueza
Do mundo
Que é de todo
Mundo
Pois apenas uns
Gatunos
Se apropriam
De tudo
Explorando
O pequeno
Destilando
Seu veneno
Enganando
A massa
Provocando
A desgraça
Da maioria
Que sustenta
A minoria
Que arrota
A alegria
Da barriga
Cheia,
Às custas
Da dor
Alheia
Ridículo
Mundo.


Giano Guimarães
(Poema "Ridículo Mundo",do livro Politiquices)

De baixo

Me perguntam de onde sou
Se da esquerda ou da direita
Se do centro ou da diagonal
Se do socialismo ou do capital

Digo que sou de baixo
Do chão que eles pisam
Do fundo do tacho
Do abismo que criam

Sou de baixo mesmo
Nascido no caos
Na fome e a esmo
Entre pedras e paus

Sou a mão de obra barata
O cachorro vira lata
Vitima da política ingrata
Desses homens de gravata

Sou do lado da razão
Penso com independência
Ando na contra mão
Da política da demência

Sou a pedra no sapato
Dos políticos canalhas
Sou aquele inconformado
Com os rasgas mortalhas

Sou a voz do indignado
Que ecoa diariamente
Que tenta ser calado
Sou o voto consciente

O politiqueiro despreza esse voto
Pois ama o bajulador
Que funciona por controle remoto
E depende de favor

Nem esquerda, nem direita
Me fazem caminhar
Somente minha consciência
É capaz de me guiar

Giano Guimarães

Política ilha

No coração do Brasil
está a política ilha
que de política vive
seu nome é Brasília

Não só de política vive
mas também de politiquilha
La se decide tudo
inclusive o que diz a cartilha

Nessa ilha ninguém é bobo
ali tudo se combina
quantas fatias terá bolo
e quem paga a gelatina

La se descasca o pepino
a batata e a tangerina
Se descasca até laranja
quando tudo se arruína

No Planalto Central
tudo se determina
Lá se criam as leis
e as aves de rapina

Lá muita coisa se faz
por detrás da cortina
Se planeja e se analisa
sorrateiramente na surdina.

Giano Guimarães

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Resistência

Se te ferram com o ferro da injustiça
Se te exploram com a face da cobiça
E corroem tua esperança na igualdade

E trucidam tua fé na bondade
Não baixe tua fronte para esse mal
Não se cale frente ao mundo desigual
Chute para longe o gás lacrimogênio
Enfrente o mal deste novo milênio
Vista a máscara da vingança
E na rua clame por mudança
Não desista da luta maior
Que anseia um mundo melhor
Não aceite a violência do Estado
Não deixe seu direito ser violado
Nunca deixe tua consciência ser monetizada
Não permita que tua essência seja abalada
Enquanto a voz do oprimido for negligenciada
Enquanto a parte pobre for rejeitada
Haverão greves, lutas, piquetes e protestos
Haverá descontentamento e manifestos
Assim será até o nascer de um novo tempo
Assim será até soprar do último vento.

Giano Guimarães

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Lançamento de cordéis no auditório da UFT

Agradeço à todas as pessoas que estiveram presentes no dia da apresentação dos meus cordéis. Apesar da correria, dos imprevistos e do trabalho que deu todo processo de criação e produção, foi gratificante estar naquele momento para falar sobre literatura de cordel e mostrar o meu trabalho. Mais recompensador ainda, foi saber que várias pessoas leram e gostaram. Abraço a todos, e viva a poesia!!!

Numa sexta feira vinte
Eu mostrei minha aventura
De rimar e escrever
Na bela literatura
Nos livretos de cordel
Revelei minha fiel
Paixão pela cultura

Muita gente apareceu
Pra minha felicidade
Para conhecer um pouco
Da minha grande vontade
De tornar mais popular
O cordel neste lugar
Nesta região e cidade

Fazer cordel é uma arte
Talvez seja vocação
É poesia de valor
Carregada de emoção
Quem conhece valoriza
Lê, apoia e não pisa
Pois tem um bom coração

A cada um ali presente
Ofereço a gratidão
Esperando que tenham
Gostado da exibição
Dos cordéis ali mostrados
Dos poemas declamados
E da nossa interação.

O meu muito Obrigado
E aquele abraço gigante
Por apoiarem o poeta
Neste dia importante
De poesia rimada
Escrita e também falada
Naquele dia tão vibrante.

Giano Guimarães 









sexta-feira, 13 de abril de 2018

Convite para lançamento de cordéis

Convido todos os amigos e interessados a participarem do lançamento dos meus livretos de cordel. São 15 títulos de variados temas, entretanto, enfatizo de modo especial quatro cordéis que convido a conhecerem: A História de Padre Josimo, Madalena do Cerrado, Padre João da Boa Vista e Um lugar chamado Harmonia. Na ocasião, falarei um pouco sobre literatura de cordel no contexto de nossa região e sua importância, sobre o processo de construção dos textos e produção dos livretos. A publicação acontecerá no dia 20/04/2018 às 19:30 no Auditório do Campus da UFT de Tocantinópolis.

Abaixo, a lista dos demais títulos que estarei apresentando:

Elogio à Sogra
O vereador honesto contra o prefeito ladrão
A bicharada da roça (Cordel infantil)
O motoqueiro voador
Cordel do absurdo (Recordando Zé Limeira)
Abaixo a cornofobia
Uma cagada Original
A história de um “cidadão de bem”
A vida na era digital
Tragédia política Brasileira (2018)
A revolta do planeta terra contra a humanidade.

Poemas ao acaso