segunda-feira, 25 de junho de 2018

Evento no Centro Educacional Nossa escolinha -Tocantinópolis

Solenidade de inauguração do Espaço de Leitura Guilherme Pedrosa, no Centro Educacional Nossa Escolinha.

O bem da leitura

A leitura é tesouro
Mergulho na imensidão
Do saber, da informação
É um bem tão duradouro
Muito Mais que prata e ouro
Vale de um livro a leitura
Ler traz muito, traz cultura
E pode ser a substância
Pra combater a ignorância
Que nesse mundo perdura.

Parabéns
à toda equipe da Escola.
Trechos do cordel: "Com as asas da leitura o voo é libertador". Cordel feito especialmente para ocasião.
Tão somente porque li
A palavra, letra e verso
Nas páginas de um bom livro
Foi que eu descobri o universo
Se mostrando naquela hora
Saí pelo mundo afora
Na leitura sempre imerso
(...)
Dizem que livros tem asas
E um poder libertador
Isto eu pude conferir
Quando me tornei um leitor
Pois já voei na companhia
De um livro de poesia
Que fez de mim voador
Uma cortina se abre
Em cada nova leitura
A gente sai da caverna
Dentro da literatura
Viaja no tempo e espaço
Tira da lua um pedaço
Vive uma nova aventura
No mundo da leitura
Só existe um vencedor
Não é o vilão ou o herói
Quem ganha é o leitor
Que a cada página lida
Acrescenta em sua vida
Uma jóia de valor
(...)
Quem lê aprimora a escrita
Novas palavras aprende
Melhora a interpretação
O mundo melhor entende
Um livro pode ajudar
A você se libertar
Se alguma coisa te prende
(...)
Quando alguém quiser voar
Só Basta ler com amor
O voo será num livro
Sem precisar de motor
Pois só na literatura
Com as asas da leitura
Livre será o leitor
(...)
No mundo Kafkiano
Certo dia eu embarquei
Lendo a metamorfose
Claramente me impactei
Com Mal estar na cultura
Freud foi a minha cura
E uma neurose deixei
Foi lendo Paul Lafargue
Que entendi uma injustiça
E descobri que todo mundo
Tem direito à preguiça
E no elogio da loucura
Roterdã com bravura
Trouxe a esse tema justiça
Pelas mãos de Júlio Verne
Em menos de oitenta dias
Eu dei a volta ao mundo
E lendo muitas poesias
Foi então que me encontrei
Sabendo que nada sei
Alimentei fantasias
Com Manoel de Barros
E seu livro sobre nada
Aprendi bastante coisa
De linguagem figurada
E com Ferreira Gullar
Eu só pude me encantar
Com sua arte revelada
(...)
Da leitura que eu nasci
Pra fazer o meu cordel
Sem ter lido não faria
Nem bilhete no papel
Graças a leitura eu faço
Cordel com régua e compasso
Da maneira mais fiel
Meu cordel é uma gota
No oceano da leitura
Mas talvez possa ajudar
A levar literatura
E poder compartilhar
A poesia popular
Como forma de cultura
(...)
E talvez seja o remédio
Muitos livros e leitura
Pra mudar nosso contexto
Desse atraso que perdura
A receita pra nação
É cuidar da educação
Com muita literatura
(...)








sábado, 2 de junho de 2018

Conselho espiritual


Para acalmar o espírito:
Um copo d'água e um livro,
dois dedos de prosa,
com aquele velho amigo.
Contempla uma rosa,
faça de um colo teu abrigo,
assim, sossega tua alma
e encontra a paz contigo.
Se nada disto der certo:
Conte até dez junto comigo!


Giano Guimarães

sexta-feira, 1 de junho de 2018

O palhaço deputado

No Brasil se elege o palhaço
Dizendo o povo não ter opção
Pois é melhor eleger o palhaço
Do que votar no ladrão

O palhaço perguntou ao palhaço:
O que é que faz um deputado federal?
O palhaço respondeu: não sei!
Mas te mostro no congresso nacional!

O povo achou lindo e engraçado
Riram até não aguentar mais
E na votação ganhou folgado
De tanto o verde ser apertado

O palhaço conseguiu o que queria
Foi o candidato mais votado
Resolveu os problemas da família
E agora é um Senhor deputado

A democracia foi respeitada
Mas às vezes é maltratada
Dizem que foi voto de protesto
Mas nesse caso eu contesto
Pois mesmo sendo honesto
Brincou com todo o resto

Giano Guimarães

Já passei dificuldade

Já passei dificuldade
Provocada pela pobreza
A comida era pouca
Mas livrava da fraqueza
Tinha gente pior que eu
Que nada tinha na mesa

Giano Guimarães

Insignificância

Nossa insignificância é extrema
Nesses dias de pura ganância
Ninguém de ninguém tem pena
O que prevalece é a arrogância
Daqueles que só querem a riqueza
E do outro esquecem a importância.

Giano Guimarães

Ali(é)nada

Assim o politiqueiro pensa
A respeito do eleitor
O trata como lixo
Desprezando seu valor

Mas em época de campanha
O eleitor é amado
Sua reputação é tamanha
Que seu ego é inflado
Seu voto vira barganha
Até seu chão é lavado

Mas por trás o que fazem
É dividir o tesouro
Tratam os votos que tem
Como moedas de ouro

Veem as pessoas como objetos
Como meras máquinas
As persuadem em secreto
Com conhecidas táticas

Dizem: aquela pessoa ali é nada
Por isso vamos manobrá-la
Vamos também manipulá-la
Não importa desrespeitá-la

Nossa cabeça é bombardeada
A cada instante assediada
Por uma matilha desalmada
De lobos em dia de caça.

Giano Guimarães
Do livro Politiquices

Politiquice

A política que não quero ver
Estou vendo o tempo inteiro
Na cidade, no estado
No país e no estrangeiro

A política do político
A política do patrão
A política da mentira
A política do ladrão

Vejo política na câmara
Vejo política do camarada
Vejo política na cama
Vejo política no sexo
Vejo política na fama
Vejo política no clero

Vejo a política da demagogia e do capitalismo
Do liberalismo, do puro oportunismo
Vejo política da ideologia e do fundamentalismo
Da ignorância e do sectarismo

Política para todos os gostos
Políticanalhas de todos os jeitos

Não vejo os politiqueiros fazerem política
Só vejo a politiquice da idiotice
Convencer pela malandrice
Através da picaretice uma grande massa

A Política que não quero ouvir
Ouço na boca do povo
No equivoco do cidadão
Que troca o voto pelo pão

E assim é de quatro em quatro
Entra e sai, nada muda
Sempre o mesmo teatro
Sempre um Deus nos acuda.

Giano Guimarães
Do livro Politiquices

Placebos

De políticos placebos
O Brasil está cheio
Proferem discursos vazios
Sem nenhum efeito

Lançam ao vento suas palavras
De latrina fazem o ouvido alheio
Se escondem detrás de mascaras
Mentem e enganam sem receio.

Giano Guimarães (do Livro "Politiquices")

Espaço dividido

Dentro da cidade existe
Um espaço bem dividido
Que claramente consiste
Em separar o pobre do rico

Nas planícies estão
As casas dos bacanas
Já nos morros se veem
As simples cabanas

O espaço é dividido
Entre mim e você
Entre o desprovido
E o homem polido
Que aparece na TV

O espaço é dividido
Pelo poder leviano
E está bem esculpido
Nos centro urbanos

Nesses centros se constroem
Grande projetos arquitetônicos
Arranha céus do capital
E shopping centers faraônicos

Uma cidade, dois mundos
De um lado o bairro nobre
No meio um abismo profundo
Do outro lado o bairro pobre

E o muro que separa
O pequeno do maioral
É o mesmo que mascara
A desigualdade social.

Giano Guimarães (do livro "Politiquices")

O discurso de Zé Ninguém

Zé Ninguém queria
Ser ouvido no congresso
Escreveu um belo discurso
Mas não obteve sucesso
Porque logo souberam
Se tratar de um protesto

Antes de acabar o mundo
Zé Ninguém pensou:
Quem sabe eles ouçam
A voz do eleitor!
Ele era ingênuo
Eleitor não tem valor

Zé Ninguém e-mail até mandou
Pra meia dúzia de deputados
Mas ninguém lhe retornou
Teve seu discurso Censurado
A alternativa que lhe restou
Foi ter seu texto publicado

Ele criou um blog
E postou seu discurso
Divulgou na rede social
E logo tomou um susto
A repercussão foi nacional

Zé Ninguém em seu discurso
Disse somente a verdade
Aquilo que não querem ouvir
Pois se trata da calamidade
Em que está a política do país
Que em sua raiz é só maldade

Zé ninguém discursava
Em nome da igualdade
Que tanto idealizava
E pedindo dignidade
Pelo povo ele clamava
por Justiça e seriedade

Em seu discurso criticava
Os privilégios e altos salários
Que os parlamentares recebem
Se aproveitando do erário
Enquanto o povo recebe o mínimo
Salário medíocre e ordinário

Ele tocava o dedo na ferida
Do político que é desonrado
Que não tem respeito pela vida
Do cidadão que é explorado
Que dia após dia, luta e briga
Pra colocar comida no prato

Zé Ninguém pedia melhor educação
Salário digno ao professor
Que trabalha muito e sem condição
Defendendo o ensino com amor
Em escolas ruins e maltratadas
Sem prestígio e sem valor

Falava da saúde doente
Sem hospitais e médicos
Onde todo dia morre gente
Por falta de atendimento
Nessa situação indecente
Está o povo no sofrimento

Zé ninguém no fim sugeria
Que os políticos usassem
O serviço público do país
Para que eles provassem
Das mazelas que ele diz
E na pele comprovassem
A situação do povo infeliz

Ele também lembrava do povo
Que a muito tempo não protestava
Desde o impeachment do Collor
Quando muitos de caras pintadas
Saíram as ruas pedindo a saída
Daquele que ao povo enganava

Mas Zé Ninguém dias depois
Se deparou com uma grande surpresa
De repente o povo acordara
Saindo da inércia e da moleza
Resolvendo ir às ruas reclamar
Da corrupção e da pobreza

De repente o povo acordou
Então Zé Ninguém muito feliz
Assistindo a TV até chorou
Vendo o povo unido do seu país
Nas ruas como ele sonhou
Lutando como ele sempre quis

Zé Ninguém esperançoso
Começou até a acreditar
Que esse sistema duvidoso
Poderia talvez mudar
Através da força do povo
Que para ruas foi lutar

Junto com Zé Ninguém
Milhões esperam o mesmo
Que nosso povo viva bem
Com dignidade e respeito
Sem pobreza e sem desdém
Como a todos é de direito.

Giano Guimarães (Do livro "Politiquices")

Eleição no Brasil

Período de eleição é assim
Começa tudo com a convenção
Ali se organiza, se combina
E se cria a coligação

Os comitês ficam cheios
Será com que interesse?
Com de o partido apoiar
Ou um dinheirinho ganhar?
Talvez os dois, eu creio!

E no horário político 
Os candidatos usam a criatividade
Uns se fantasiam de super-herói
Outros choram de verdade
Apelam até pra Deus
Em nome da santidade

E aí vem a carreata
Nessa hora água vira gasolina
No posto ela se acaba
Mas a fila não termina
Todos querem um pouquinho
Do combustível da propina

Depois vem a passeata
É abraço e aperto de mão
Político tem que virar acrobata
Pra dar conta da adulação
Ainda tem os mau educados
Que de santinhos enchem o chão

E vão seguindo em frente
Nas casas batem nas portas
E dizem: conto com seu voto
E saem sorrindo e batendo
Aquele velho tapinha nas costas

É muro pintado pra todo lado
Bandeira agitada no sinal
É adesivo de candidato no carro
É propaganda em rede nacional
Tudo isso contribuindo pra danado
Com a poluição ambiental

Do debate na televisão
Não se aproveita nada
Só falta saírem na mão
De tanto trocarem farpas

E no palanque tem promessa
Tem reza, cantoria e oração
Discurso de todo jeito
Mentira lavada e enganação
Induzindo o povo ao erro
Na hora da votação

Então começa o discurso
Tem a palavra um sujeito
Com ar de homem direito
Segura o microfone na mão

Meus amigos e minhas amigas
Gente de minha nação
É com alegria e felicidade
Que me lanço nessa eleição
Conto com seu voto meu amigo
Venho lhe pedir com humildade
Sua confiança e colaboração
Pra melhorarmos a sociedade

Vou investir na educação
Incentivar os discentes
Aumentar a remuneração
E dar merenda decente
A essa grande população
Que tanto é carente

Vou dar casa popular
A saúde vai melhorar
Emprego vou gerar
A pobreza eliminar
Os buracos vou tampar
O pavimento vai chegar

E com a ajuda de deus conseguiremos
No fim conquistar essa vitória
Com seu voto contaremos
É sempre a mesma história
Que a cada dois anos vemos
Mas o povo não tem memória

Se tivessem lembrança
Não reelegiam político corrupto
E teriam mais desconfiança
Em época de eleição
Verificando a ficha
Dessa rama de ladrão.

Giano Guimarães (do livro "Politiquices")

O politiqueiro

Seu Verbalino desde cedo
Com política resolveu mexer
Seguindo os caminhos do pai
Da política decidiu viver

Foi estudar na capital
Sobre leis muito se inteirou
Mas voltando pra sua cidade
Em politicagem se formou

Nessa escola foi aluno aplicado
Seu primeiro cargo foi vereador
Com um discurso fino e aprumado
Convencia fácil o eleitor

Mas sua honestidade
Só ficava na teoria
Pois nos negócios da cidade
Só se via pioria

A exemplo de seu pai
Seu Verbalino fez carreira
Foi vereador, prefeito e deputado
E Senador é sua atual cadeira
Ficou conhecido por todo lado
Por sua tamanha roubalheira

Toda prática ruim ele fazia
Comprava voto e verba desviava
Empregava parentes a revelia
O povo carente sempre enganava
Prometia tudo e não cumpria

Seu Verbalino perseguia
O cidadão que nele não votava
Depois da eleição demitia
E no lugar outro colocava

Seu Verbalino não tinha consciência
Do prejuízo que ao povo trazia
Pois quando roubava levava à falência
Os serviços que população carecia

Tirava do povo a dignidade
A saúde, a educação e a moradia
Com arrogância e sem humildade
Fez politicagem até seu último dia

Mas um dia seu Verbalino adoeceu
E as pressas ao hospital correu
Chegando lá em coma permaneceu
E um sono profundo lhe acometeu

E num sonho seu Verbalino
Se viu um pobre trabalhador
Só ganhava um salário mínimo
Vivia labutando de pintor

Um dia precisou ir ao médico
Cinco filas ele pegou
E só um mês mais tarde
A consulta ele marcou

Viu a luta que era o SUS
E toda a peleja do cidadão
Que todo dia pede a Jesus
Muita saúde e proteção
Fazendo promessa e levando cruz
Pra não morrer por omissão

Sonhando, ainda viu o seu filho
Ir à escola sem nenhum tostão
Confiando na merenda
Que no colégio sempre dão
Mas nesse dia não teve
Nem um pedaço de pão

Nesse sonho ele morava
Na periferia da cidade
Ali na terra se pisava
Pois não havia pavimento
Esgoto e nem calçada
Só barro, poeira e esquecimento

Pois cimento pra politiqueiro
Não serve pra fazer calçamento
Mas vira grana é ligeiro
Pra comprar apartamento
E o povo continua no lameiro
Na rua do esquecimento

Depois deste sonho real
Verbalino acordou do coma
E na cama do hospital
Começou a sentir o sintoma
De uma crise existencial

Sentiu na pele o sofrimento
Do povo que o elegeu
Sentiu profundo arrependimento
Dos malfeitos que cometeu

Seu Verbalino se recuperou
E quis ter honestidade
Por um tempo até tentou
Fazer política de verdade
Mas do sonho ele esqueceu
E voltou pra politicagem

O final dessa história
Não tem como ser feliz
Tendo a politicagem como escória 
Da política deste país

Desses homens de coração duro
Nem Deus, sonho ou doença
São capazes de amolecer
Essa pedra que os sustenta

Queria muito que no final
A história fosse diferente
Que pagassem pelo mal
Que fizeram a toda gente

Mas a história sempre é igual
Politiqueiro sempre é inocente
E o povo por sinal
A votar nunca aprende
Elege sempre o marginal
Que o engana facilmente

Não adianta nem campanha
Para conscientizar o eleitor
Porque nessa pobreza tamanha
Voto vira objeto de valor

E o eleitor o vende barato
na medida da sua pobreza
Que para muitos não é nada
Mas que para ele é riqueza

E assim, os Verbalinos do Brasil 
Continuam a praticar 
A política desonesta
E teimam em maltratar
A pobre da ética
Não param de roubar
E o que nos resta
É apenas lamentar.

Giano Guimarães
(Poema "O Politiqueiro",do livro Politiquices)

Poemas ao acaso