Seu Verbalino desde cedo
Com política resolveu mexer
Seguindo os caminhos do pai
Da política decidiu viver
Foi estudar na capital
Sobre leis muito se inteirou
Mas voltando pra sua cidade
Em politicagem se formou
Nessa escola foi aluno aplicado
Seu primeiro cargo foi vereador
Com um discurso fino e aprumado
Convencia fácil o eleitor
Mas sua honestidade
Só ficava na teoria
Pois nos negócios da cidade
Só se via pioria
A exemplo de seu pai
Seu Verbalino fez carreira
Foi vereador, prefeito e deputado
E Senador é sua atual cadeira
Ficou conhecido por todo lado
Por sua tamanha roubalheira
Toda prática ruim ele fazia
Comprava voto e verba desviava
Empregava parentes a revelia
O povo carente sempre enganava
Prometia tudo e não cumpria
Seu Verbalino perseguia
O cidadão que nele não votava
Depois da eleição demitia
E no lugar outro colocava
Seu Verbalino não tinha consciência
Do prejuízo que ao povo trazia
Pois quando roubava levava à falência
Os serviços que população carecia
Tirava do povo a dignidade
A saúde, a educação e a moradia
Com arrogância e sem humildade
Fez politicagem até seu último dia
Mas um dia seu Verbalino adoeceu
E as pressas ao hospital correu
Chegando lá em coma permaneceu
E um sono profundo lhe acometeu
E num sonho seu Verbalino
Se viu um pobre trabalhador
Só ganhava um salário mínimo
Vivia labutando de pintor
Um dia precisou ir ao médico
Cinco filas ele pegou
E só um mês mais tarde
A consulta ele marcou
Viu a luta que era o SUS
E toda a peleja do cidadão
Que todo dia pede a Jesus
Muita saúde e proteção
Fazendo promessa e levando cruz
Pra não morrer por omissão
Sonhando, ainda viu o seu filho
Ir à escola sem nenhum tostão
Confiando na merenda
Que no colégio sempre dão
Mas nesse dia não teve
Nem um pedaço de pão
Nesse sonho ele morava
Na periferia da cidade
Ali na terra se pisava
Pois não havia pavimento
Esgoto e nem calçada
Só barro, poeira e esquecimento
Pois cimento pra politiqueiro
Não serve pra fazer calçamento
Mas vira grana é ligeiro
Pra comprar apartamento
E o povo continua no lameiro
Na rua do esquecimento
Depois deste sonho real
Verbalino acordou do coma
E na cama do hospital
Começou a sentir o sintoma
De uma crise existencial
Sentiu na pele o sofrimento
Do povo que o elegeu
Sentiu profundo arrependimento
Dos malfeitos que cometeu
Seu Verbalino se recuperou
E quis ter honestidade
Por um tempo até tentou
Fazer política de verdade
Mas do sonho ele esqueceu
E voltou pra politicagem
O final dessa história
Não tem como ser feliz
Tendo a politicagem como escória
Da política deste país
Desses homens de coração duro
Nem Deus, sonho ou doença
São capazes de amolecer
Essa pedra que os sustenta
Queria muito que no final
A história fosse diferente
Que pagassem pelo mal
Que fizeram a toda gente
Mas a história sempre é igual
Politiqueiro sempre é inocente
E o povo por sinal
A votar nunca aprende
Elege sempre o marginal
Que o engana facilmente
Não adianta nem campanha
Para conscientizar o eleitor
Porque nessa pobreza tamanha
Voto vira objeto de valor
E o eleitor o vende barato
na medida da sua pobreza
Que para muitos não é nada
Mas que para ele é riqueza
E assim, os Verbalinos do Brasil
Continuam a praticar
A política desonesta
E teimam em maltratar
A pobre da ética
Não param de roubar
E o que nos resta
É apenas lamentar.
Giano Guimarães
(Poema "O Politiqueiro",do livro Politiquices)
sexta-feira, 1 de junho de 2018
Assinar:
Postar comentários (Atom)
-
Cada minuto olhando para o tempo Sem esperar que o tempo passe É um tempo a mais que se ganha É um pouco de vida que nasce É estranho olhar...
-
Não chores Rio Tocantins Tua mãe virá encher o teu leito A natureza que é bondosa Bem diferente do homem imperfeito Te curará ainda mais u...
-
Dizer que sente saudade É quase dizer um eu te amo É deixar clara a vontade De abraçar aquele ser humano Que está em outra cidade Outro país...
Nenhum comentário:
Postar um comentário